16º Santos Export Brasil e o futuro do Porto de Santos

No dia 11 de setembro de 2018 aconteceu o Santos Export 2018, 16º fórum internacional para expansão dos Portos Brasileiros. Trata-se de um evento anual e que conta sempre com a presença de personalidades muito influentes no Setor Portuário.

Aconteceu uma cerimônia no dia 10 para a abertura do evento. Contou com a presença do ex-governador Geraldo Alckmin, do candidato ao Governo do Estado, Sr. Márcio França, e de outras personalidades do cenário político brasileiro.

No dia 11 não aconteceu a palestra agendada do Luis Otávio Campos, Secretário Nacional de Portos do Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil. Ocorreram 2 painéis sobre o Marco Regulatório ainda pela manhã e os dois pontos principais discutidos foram: 1) a necessidade de regionalização do Porto de Santos e; 2) a mudança do modelo de governança do Porto. Muito se discutiu, mas não houve um compromisso concreto de mudanças. Os representantes do setor produtivo comentaram as vantagens da regionalização e apresentaram modelos alternativos de gestão, mas o representante do governo insistiu que a união teria sim estrutura para organizar as atividades de maneira centralizada, além de argumentar que se fosse do interesse da União poderia ser feito em menos de 120 dias. Este ponto de divergência, entretanto, não se aprofundou e os painéis terminaram de forma inconclusiva. Os painéis contaram com Ogarito Borgias, Diretor de Departamento de Outorgas da Secretaria dos Portos, Clythio Buggenhout, representante do Sopesp, Antônio Carlos Sepúlveda, Diretor Presidente da Santos Brasil. Mário Povia, Diretor Geral da ANTAQ, Marcelo Sammarco, Diretor Presidente da Sammarco Advocacia e Antônio Pássaro, Diretor Presidente da BTP.

O terceiro painel contou com representantes de autoridades portuárias e de empresas não muito envolvidas com as problemáticas tecnológicas do Setor Portuário. A IBM foi representada por Carlos Tuneso, Líder de IoT na América Latina, que citou alguns exemplos e aplicação prática da Internet das Coisas para o setor. Havia um representante da Hyperloop, empresa multinacional que desenvolveu um modelo conceitual sustentável de trem de passageiros, mas sem muito contexto com as problemáticas do Setor Portuário. Senti falta da presença de gestores de terminais para trazer à discussão tendências como a automatização portuária e seus impactos na realidade sócio-econômica brasileira.

O último painel foi sobre logística. Adalberto Tokarsk, Diretor da ANTAQ, colocou um posicionamento interessante sobre o uso de barcaças para o transporte de cargas entre terminais. Mas Washington Flores, Presidente da Bandeirantes e Deicmar comentou que entende não que haveria viabilidade econômica para substituir o modal rodoviário pelo aquaviário na movimentação das cargas conteinerizadas apenas no trecho local. Porém, eu entendo que a proposta do Adalberto foi o tráfego já existente de cargas entre recintos alfandegados e acho que é um problema que deveria ser mais aprofundado. Sabe-se que há uma quantidade considerável de contêineres que são enviados para outro recinto alfandegado logo após a descarga e esse volume de tráfego rodoviário poderia ser feito pelos canais da Baixada Santista a um custo menor, de forma mais ágil, e desobstruindo as vias terrestres.

Todos os painéis foram mediados por Leopoldo Figueiredo, Editor do Caderno Porto e Mar do Jornal A Tribuna.

Conclusão

Percebe-se, infelizmente, que as posições nos cargos governamentais mudam com muita frequência e é preciso sempre reiniciar as discussões porque são sempre pessoas diferentes (e muitas vezes que não são das respectivas áreas técnicas) e que desconhecem os problemas. Dessa forma, fica a sensação de que a evolução, quando ocorre, é lenta demais.

O painel de tecnologia contou com muitas autoridades e nenhum gestor de operador portuário. Acho que os gestores deveriam ser trazidos para a discussão e então poderia-se discutir as problemáticas reais do setor, não apenas os sistemas governamentais vinculados aos marcos regulatórios. Há assuntos como automação operacional, integração entre sistemas, IoT, Machine Learning, entre outros, que acabaram ficando sem atenção.

Mas é um evento que sempre agrega algum valor e cuja participação é muito importante para quem quer ficar atualizado.


Ricardo Pupo Larguesa é engenheiro da computação e MBA em Gestão Empresarial com ênfase em Negócios Internacionais. Professor do ensino superior e sócio da T2S, desenvolvedora de sistemas de logística portuária, é apaixonado por Tecnologia e por Operações Portuárias.



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